Restaurantes Populares e Cozinhas do Governo do Estado registram 1,387 milhão de refeições servidas

Texto: Margarida Galvão / Fotos: Jander Souza

A assistência social na capital amazonense avançou em 2019 no quesito alimentação. Nos doze meses do ano foram servidas, entre refeições e sopas, um total de 1,387 milhão de unidades nos sete pontos de atendimentos administrados pela Secretaria de Estado de Assistência Social (Seas), sendo quatro restaurantes Prato Cidadão e três Cozinhas. Os beneficiados pela ação socioassistencial do Governo do Estado são moradores em situação de rua, desempregados, ambulantes, donas de casa, idosos, estudantes e outros.

 

Sob os cuidados do Departamento de Proteção Social Básica (DPSB/Seas), via Gerência de Segurança Alimentar (GSAN), as refeições servidas nos restaurantes Prato Cidadão fazem parte do Projeto de Garantia do Direito à Alimentação e custam o preço simbólico de R$ 1 porque são subsidiadas pela iniciativa privada, por meio de uma parceria público-privada. O cardápio inclui arroz, feijão, macarrão, salada e uma proteína variada (frango, carne, fígado, peixe e outros).

 

Já as sopas são servidas gratuitamente, com o patrocínio do Governo do Estado. Os sabores são variados: sopa de carne com verduras e legumes; carne, calabresa, verduras e legumes; carne, mocotó, verduras e legumes: de feijão, bucho, verduras e legumes.

De um lado, os restaurantes garantem às famílias em situação de insegurança alimentar e nutricional o acesso a alimentação adequada, saudável, variada e nutritiva. Do outro, as Cozinhas garantem às famílias que se encontram na mesma situação, sopas variadas e nutritivas ofertadas nas comunidades Parque São Pedro, Rio Piorini e Alfredo Nascimento.

 

As senhas para ter acesso às refeições, tanto nos Pratos Cidadãos como nas Cozinhas, começam a ser vendidas a partir das 8h, com prioridade para os aposentados e portadores de necessidades. Nos restaurantes, o almoço começa a ser servido às 11h, estendendo-se até as 13h, com funcionamento de segunda a sexta-feira. Com horário diferenciado, os sopões funcionam de segunda a sexta das 12h às 15h; aos sábados das 11h às 13h.

 

Fome Zero – O Programa Restaurante Popular é uma iniciativa do Governo Federal, integrado à rede de ações e programas do Fome Zero, política de inclusão social estabelecida em 2003, junto ao Governo do Amazonas, voltado às pessoas que se encontram em vulnerabilidade social (migrantes, moradores de ruas, desempregados e outros). Como executor das políticas públicas, o Governo do Amazonas implantou o Restaurante Prato Cidadão há 15 anos e desde então tem procurado oferecer, diariamente, às pessoas em situação de insegurança alimentar, uma refeição de elevado teor nutricional, em ambiente agradável e acolhedor.

 

Ao longo dos anos, essa demanda tem se mantido crescente. Nos doze meses de 2019, os quatro restaurantes Prato Cidadão – Centro, Novo Israel, Compensa e Jorge Teixeira – serviram 466,7 mil refeições para um total de 85,9 mil usuários, com faixa etária variada, de 0 a 60 anos, entre os quais pessoas com algum tipo de deficiência.

 

Nas três Cozinhas – Parque São Pedro, Rio Piorini e Alfredo Nascimento – o somatório de sopas  servidas foi de 920,4 mil litros para 33,9 mil pessoas neste período. Em ambos os casos, a maior demanda de usuários varia de 18 a 60 anos, seguido dos acima de 60 anos.

No Restaurante Popular Prato Cidadão do Centro, a demanda diária varia de 1,93 a 2,53 mil pessoas; no Novo Israel, oscila entre 1,93 e 2,18 mil; no da Compensa, entre 994 e 1,81mil; no Jorge Teixeira, entre 1,89 e 2,60 mil. No SOS Sopão Parque São Pedro, essa demanda oscilou entre 6,68 e 7,41 mil unidades; no Rio Piorini, entre 5,88 e 6,98; e no Alfredo Nascimento, entre 3,85 e 4,97 mil.

Ajuda fundamental – Um dos frequentadores do Restaurante Popular é o aposentado Luiz Pereira Gomes, de 65 anos, que há dez anos utiliza o Prato Cidadão da Compensa para fazer suas refeições. Apesar da aposentadoria, ele admite que ficaria muito apertado se alimentar diariamente com o que ganha, diante dos ingredientes que consome no restaurante, que serve um menu variado durante a semana.

 

Oriundo do Ceará, Luiz Gomes está em Manaus há 17 anos. Parafraseando um versículo bíblico, o aposentado diz que “a glória da primeira casa está se refletindo na segunda”, referindo-se à mudança de endereço do restaurante, que iniciou na rua Oscar Borel e hoje está funcionando na rua Amazonas.

“É muito importante para nós termos um local como este para fazer nossas refeições diárias, inclusive para os estrangeiros, entre eles os venezuelanos, que estão circulando nas ruas de Manaus e na hora do almoço procuram o Prato Cidadão, onde podem almoçar ao preço de R$ 1”, afirma o aposentado.

 

A refugiada venezuelana Jéssica Tamaroni, 35, juntamente com dois filhos menores (3 e 4 anos) e a mãe Nimia Tamaroni, 75 anos, estão em Manaus há oito meses, morando alugado no bairro da Compensa. Sem renda, a família está vivendo com a ajuda de uma igreja do bairro, inclusive no pagamento do aluguel. O Prato Cidadão tem sido o ‘porto seguro’ para essa família almoçar diariamente.

 

“Muito boa a refeição, nutritiva; ainda tem frutas, o que permite uma alimentação balanceada para os meus filhos e a minha mãe, que já está com a idade avançada”, mencionou, ressaltando que seu país está passando por sérios problemas econômicos, e a alternativa foi fugir da fome e se refugiar no Brasil. “Aqui em Manaus temos encontrado guarida, as pessoas têm nos ajudado bastante”, completou.

 

Desempregada, vivendo de pequenos serviços gerais que faz para sobreviver, Tania Maria Feitoza Raimundo, 54, frequenta de segunda a sexta o prato Cidadão da Compensa, onde afirma fazer uma alimentação saudável em um local aconchegante. “Agradeço ao Governo por manter funcionando esse restaurante, onde pago R$ 1 pela refeição, pois não teria como pagar R$ 10 por um prato de comida em outros locais”, frisou.

 

A importância desses dois equipamentos de segurança alimentar, tanto o Prato Cidadão como a Cozinha, está na contribuição da redução do quadro de vulnerabilidade social e da insegurança alimentar e nutricional nas áreas de maior risco de vulnerabilidade. Daí o motivo desses aparelhos estarem localizados em áreas da periferia, onde a necessidade da população é maior.

 

De acordo com a gerente de Segurança Alimentar da Seas, Kaliny Alves, a proposta é melhorar a qualidade de vida dos usuários, proporcionar uma perspectiva de vida a essa população que não tem acesso a uma alimentação adequada, com um cardápio balanceado, e ainda propor uma melhor condição nutricional a esses indivíduos.

 

A titular da Seas, Márcia Sahdo, destaca que esses equipamentos são estruturados para atender uma população que sofre com carência alimentar. “Os cardápios são elaborados por nutricionistas que seguem todo um processo de análise para fornecer refeições com os nutrientes necessários a alimentação humana. Esses estabelecimentos estão localizados em áreas estratégicas da cidade com maior índice de insegurança alimentar”.

 

Kaliny Alves destacou ainda que os restaurantes populares assim como as Cozinhas  visam o resgate da cidadania desses usuários, pois muitos não têm condições de adquirir um prato balanceado e nutricionalmente completo, para a sua alimentação. “Por isso, a proposta é fazer essa oferta de forma gratuita a esse público em vulnerabilidade”, disse a gerente, ressaltando que os SOS oferecem 500ml de sopa para cada usuário, a fim de que possam se alimentar e saírem satisfeitos.