Representantes de municípios falam de suas experiências com o Peti
Uma exposição de boas práticas realizadas por municípios do Amazonas na Prevenção e Erradicação do Trabalho Infantil, somada à apresentação cultural “A jaula”, encenada por adolescentes da Casa Mamãe Margarida – Inspetoria Laura Vicunã, abrigo de crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade social, marcaram a abertura do segundo dia do 1° Encontro Estadual de Avaliação das Ações Estratégicas do Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (Peti), na manhã desta quinta-feira (06/06).
Realizado pela Secretaria de Estado de Assistência Social (Seas), em parceria com o Fórum Estadual de Prevenção e Erradicação do Trabalho Infantil e o Ministério da Cidadania, o evento trouxe várias experiências exitosas realizadas por alguns municípios amazonenses, tanto na zona rural como na urbana.
Entre os municípios presentes no evento e que deram sua contribuição está Beruri, que atualmente acompanha 30 crianças com visitas às famílias por psicólogos e assistentes sociais, visando combater a prática do trabalho infantil.
O técnico de referência do Peti de Beruri, Ideones da Silva, disse que inicialmente a população ficou receosa em participar do Programa, por puro desconhecimento. Porém, ao ser feito um trabalho de sensibilização por meio de panfletagens, reuniões e Audiências Públicas, para explicar a importância de combater o trabalho infantil, muitos pais começaram a entender essa prática e estão contribuindo.
Por meio do programa “Toda criança merece viver sua infância”, ele disse que estão sendo levados às comunidades serviços de cidadania e social, uma ação conjunta envolvendo o Ministério Público, Fundação Nacional do Índio (Funai), Secretaria Municipal de Saúde (Semsa), entre outros. “Hoje o Peti é visto com outro olhar pela população, como um programa que trouxe à realidade conhecimentos que antes não tinham”, disse.
Segundo Ideones da Silva, as piores formas de trabalho infantil no município estão na agricultura familiar e no trabalho doméstico, porque são difíceis de identificar e porque as crianças e os adolescentes estão dentro de casas, propriedades, e não na rua.
“Temos realizado rodas de famílias envolvendo pais e a comunidade em geral para serem informados sobre o que é exploração infantil e o que isso pode acarretar na vida de uma criança”, informou, destacando que atualmente o Peti acompanha 30 crianças com visitas às famílias por técnicos, psicólogo e assistentes sociais. “Não basta trabalhar apenas a criança, mas a família como um todo para entender sua responsabilidade nessa questão”, completou.
O psicólogo do Centro de Referência de Assistência Social (Cras) de Nova Olinda do Norte, Fábio Coelho, falou das várias práticas realizadas no município: como se fazer presente nas escolas junto com a equipe do Peti para explicar o que é o trabalho infantil e os riscos que ele pode causar às crianças e adolescentes; visitas às comunidades, inclusive ribeirinhas, levando aos pais a questão da prevenção.
“Há um ano e meio estou trabalhando com a equipe do Peti, já formamos um Comitê Gestor, inclusive o fortalecimento da rede social, porque trabalhar com a juventude exige a participação de todos”, mencionou o especialista, destacando que em 2019 já houve três casos de trabalho infantil detectados no município, sendo feitos os devidos encaminhamentos.
Aperfeiçoar Gestão – Os representantes dos 37 municípios amazonenses que estão participando do 1° Encontro Estadual de Avaliação das Ações Estratégicas do Peti participaram de várias atividades no decorrer desta quinta-feira (06/06), entre as quais a apresentação do Caderno de Orientações Técnicas para aperfeiçoamento da Gestão do Peti, feita pelo analista técnico do Ministério da Cidadania (MC), Francisco Xavier.
Na opinião do representante do MC, esses dois dias foram muito importantes, porque permitiram a discussão de inúmeras questões sobre o trabalho infantil, especialmente no Amazonas. “Apresentamos alguns dados nacionais e do Amazonas, onde foi verificado que o trabalho infantil na zona rural e agricultura é muito prevalente, chamando a atenção, o que exige que o Estado se comprometa a realizar ações que ajudem a enfrentar essas questões”, sintetizou.
Ao fazer uma avaliação dos dois dias do evento, a diretora do Departamento de Proteção Social e Especial (DPSE), da Seas, Letícia Borel, disse que o Encontro foi positivo porque permitiu mobilizar os municípios para participarem e trazerem suas contribuições. Além da assistência social, participaram representantes da educação e da saúde interagindo, haja vista que a temática perpassa vários campos das políticas públicas.
“É um tema de todos nós que exige esforço para vencer mitos, como o de que ‘é melhor trabalhar do que roubar’, que vem se perpetuando há décadas. As pessoas, inclusive pais, precisam entender que trabalhar na infância vai repercutir no rendimento escolar da criança”, assinalou.
O Encontro do Peti termina nesta sexta-feira (07/06) com uma Audiência Pública a ser realizada na Associação para o Desenvolvimento Coesivo da Amazônia (Adcam), na rua Leonora Armstrong, nº 9, bairro Zumbi dos Palmares, zona leste, no horário das 9 ao meio-dia. A Audiência tem como objetivo discutir estratégias de erradicação do trabalho infantil no Amazonas e no país.
Fotos: Jander Souza