Quer envelhecer bem? Mexa-se!

Frequentadores do Centro do Idoso de Aparecida provam ser possível envelhecer com saúde

 

Aulas de capoeira, treino funcional, prática de Pilates, dança, hidroginástica e teatro fazem parte da rotina de Maria Lourinete Lima da Silva, 68 anos, uma das frequentadoras do Centro de Convivência Estadual do Idoso (Ceci), situado no bairro de Aparecida, zona sul. Criado em 2009, o centro realiza diariamente em torno de 2 mil atendimentos, dos quais 1,8 mil voltados, em sua maioria, para envelhescentes e idosos, que realizam uma série de atividades que passam por saúde física e psíquica, laços efetivos e lazer. O local funciona das 7h às 17h, se estendendo até às 21h em algumas datas festivas, e é administrado pela Secretaria de Estado de Assistência Social (Seas), órgão do Governo do Amazonas.

Moradora do bairro Compensa, Maria Lourinete frequenta o Ceci desde 2009 por entender que precisa envelhecer bem, cuidando da saúde sem a necessidade de constantemente ir ao médico para tomar remédios. Ela diz que a melhor terapia é sorrir e fazer atividades físicas.
 
“Aqui, no centro, convivo diariamente com inúmeras pessoas. Temos tudo de bom para envelhecer bem e saudável: boas amizades, cursos, danças, teatro, música, piscina e fisioterapia”, disse, ressaltando que, apesar de ter sofrido com a perda do esposo, está viúva há quatro meses, tem encontrado forças para continuar vivendo e está se cuidando graças ao acolhimento recebido no local. “As pessoas não acreditam quando digo que tenho 68 anos, pensam que estou na casa dos 40”, frisou.


Mais idosos em 2050 – Segundo dados da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) o número de pessoas com idade igual ou superior a 60 anos vai mais que dobrar no mundo, em 2050, passando dos cerca de 900 milhões registrados em 2016 para cerca de 2 bilhões. No Brasil, a estimativa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) é de que a expectativa de vida do brasileiro aumentou em 30 anos, passando de 45,5 para 75,5 anos.
Apesar de a longevidade humana ser uma grande conquista do século 21, especialistas ressaltam que viver mais não é suficiente, precisa ter qualidade de vida. O IBGE aponta que está crescendo o número de pessoas na terceira idade e também a expectativa de vida, cujas mulheres, em cerca de 40 anos, devem viver, em média, até 84,2 anos, contra 79,8, média atual. Entre os homens, a expectativa passará de 72,7 para 77,9 anos.
Hábitos saudáveis – Os especialistas que trabalham focados em atividade para idosos avaliam que os cuidados devem ser adotados desde cedo, porque quanto mais cedo forem adotados hábitos saudáveis, mais chance as pessoas têm de envelhecer com saúde. A coordenadora de Esporte da Sejel, no Ceci, Adriana Urtiga, garante que a atividade física é muito importante em qualquer idade, principalmente no público envelhescente, porque os exercícios trabalham prevenindo lesões, já que a partir dos 60 anos aumenta a tendência do idoso cair por conta da diminuição da massa muscular.
 
Formada em fisioterapia, Adriana atende como fisioterapeuta  e ainda dá aula de Pilates, atividade que propicia aos idosos maior flexibilidade e coordenação motora. “As pessoas se sentem mais dispostas, com a mente mais ativa, mais ágeis, além dos exercícios ajudarem a diminuir as dores”, disse a professora, informando que tem alunos com 87 anos fazendo várias modalidades esportivas no dia. Além de Pilates, a Coordenadoria de Esportes oferece aulas de hidroginástica, ginástica e fisioterapia voltada para idosos e envelhescentes. Após às 18h é liberada para qualquer idade.


Mestre-Sala e Porta-Bandeira – O casal Wilson Dias do Nascimento, 80, e Maria Madalena do Nascimento, 70, casados há 36 anos, moram no bairro Colônia Antônio Aleixo, zona leste, e diariamente participam das atividades do Ceci que funciona de segunda a sexta, das 7h às 21h. O casal diz não sentir o “peso” da idade e que só está faltando levar a cama para o centro, porque passam o dia no local. Além de se sentirem bem fisicamente, têm boas amizades no local e participam de várias atividades como dança do carimbó, dança livre, hidroginástica, musculação, caminhada e alongamento.

Para Maria Madalena é bom envelhecer com vida saudável, que depende de fatores como boa vontade de fazer caminhada, exercícios físicos e ter uma boa alimentação. Ela conta que o fato de ter sido porta-bandeira de várias escolas de samba de Manaus, entre as quais, Vitória Régia, Sem Compromisso e Coroado, desde os vinte anos movimentava muito o corpo e isso ajudou a participar de atividade físicas para aguentar as atividades do Carnaval. Hoje ela e o marido são Mestre-Sala e Porta-Bandeira do Centro de Convivência do Idoso do bairro de Aparecida.

 “Representamos os idosos com muita honra e disposição”, garantiu. Aposentado como militar da Aeronáutica, Wilson Nascimento desfilou vários anos pela Escola de Samba Portela, do Rio de Janeiro. “Nós conhecemos na Vitória Régia e não nós largamos mais”, disse, ressaltando se sentir honrado por envelhecer saudável participando das atividades do Ceci. “Chegamos aqui às 7h e só retornamos para casa às 17h”.

Atendimentos – De acordo com a diretora do Ceci, a psicóloga Ítala Rodrigues, são em torno de 2 mil atendimentos por dia, nos três horários, sendo que à noite é voltado para cursos para pessoas na faixa dos 50. A dirigente informa que há idosos que fazem seis atividades por dia, tendo o local se tornado a extensão de suas casas. “A qualidade de vida desses idosos é notória, por conta da jovialidade que possuem; a gente percebe o quanto têm energia, vontade de viver”, disse, destacando serem os idosos independentes e conhecedores de seus direitos e defendem que sejam respeitados.

Na opinião de Ítala Rodrigues, os idosos de hoje são mais ativos, não querem mais ficar em casa numa cadeira de balanço assistindo televisão, fazendo crochê e isso propicia um envelhecimento saudável. “Vamos realizar uma festa junina no próximo mês e 80 mulheres estão treinando diariamente, dançando carimbó e outras danças”, disse a psicóloga, frisando que esse convívio social em grupo, cria vínculos comunitários e isso é muito bom para eles, uns passam energia para os outros. “Expedita de Souza, 94, participa do coral oferecido no Ceci e não perde os ensaios às terças de quintas, enquanto isso José Moreira, 72, participa das aulas de violão e quer aprender para tocar em família” exemplificou.

Serviços oferecidos – Na parte de esportes, o centro oferece hidroginástica, treino funcional, ginástica, caminhada orientada e Pilates. Na área cultural tem teatro, coral e danças. Os cursos oferecidos são de informática e artesanato. Além disso, há oficinas de violão, espanhol e  artes com as mãos. O corpo de profissionais é composto por professor de educação física, de dança, teatro, música e maestro no coral. Na parte da assistência, tem psicólogo, assistente social e pedagogo. Além dos instrutores que atendem os cursos de línguas, informática, quem coordena as atividades do Ceci são psicólogos, assistentes sociais e pedagogos.

As atividades no Ceci são desenvolvidas pela Seas em parceria com as secretarias de Juventude e Lazer (Sejel), de Cultura (SEC), Centro de Educação Tecnológica do Amazonas (Cetam), e Fundação Universidade da Terceira Idade (Funati). “Esses serviços do Ceci de Aparecida são oferecidos graças a essas parcerias , que são fundamentais para trabalharmos a política de assistência social. É um compromisso do governador Wilson Lima estimular esse fortalecimento de vínculos e essas atividades para que a população tenha um envelhecimento saudável”, frisou a secretária titular da Seas, Márcia Sahdo.