Comitiva federal conhece a realidade da assistência social no coração da Amazônia
Balsa, estrada e “voadeira”. Numa região em que boa parte dos acessos às populações vulneráveis são feitos por via fluvial, o Governo Federal promoveu uma visita técnica dos titulares da assistência social ao coração da Amazônia. O secretário Especial do Desenvolvimento Social do Ministério da Cidadania, Robson Tuma, o secretário Especial Adjunto do Desenvolvimento Social, Alexandre Reis, e a Secretária Nacional de Assistência Social, Maria Yvelônia, conheceram nesta terça (26/10) a realidade dos moradores da comunidade indígena Moyray e visitaram equipamentos do CRAS (Centro de Referência de Assistência Social), do CREAS (Centro de Referência Especializado de Assistência Social) e da APAE no município de Autazes, a 126km de Manaus.
A partir de um olhar na ponta podemos tomar decisões que vão impactar a vida das pessoas. Quero saber a realidade e mostrar que a gente só consegue levar aquilo que a população realmente necessita se formos ver de perto” Robson Tuma, secretário especial do Desenvolvimento Social do Ministério da Cidadania
Acompanhado pela Secretária de Assistência Social do Amazonas, Alessandra Campêlo, e pelo prefeito de Autazes, Andreson Cavalcante, Robson Tuma destacou que a visita permitiu conhecer em detalhes a realidade do povo amazonense.
“A partir de um olhar na ponta podemos tomar decisões que vão impactar a vida das pessoas. Quero saber a realidade e mostrar que a gente só consegue levar aquilo que a população realmente necessita se formos ver de perto”, disse o secretário Robson Tuma.
Autazes conta com 41 mil habitantes e uma população indígena de mais de 10 mil pessoas. Os moradores vivem uma realidade atípica, pautada pela subida e descida do nível das águas dos rios que banham a região. Durante seis meses do ano, o rio sobe e inunda terras e produções. Nos outros seis meses, o rio seca e deixa a população mais distante de serviços essenciais, como educação e saúde.
Para o prefeito, a realidade da região metropolitana de Manaus é bem diferente da encontrada em outras cidades no país. “Receber aqui o Ministério da Cidadania e compartilhar nossos desafios é uma honra. Estamos a 126km de Manaus, temos uma população indígena significativa e uma realidade diferenciada. Quando se pensa em política pública em Brasília, usualmente se pensa em uma realidade completamente diferente da nossa”, afirmou Andreson Cavalcante.
Autazes conta com mais de 10 mil famílias inseridas no Cadastro Único. Atualmente, 7.444 famílias são beneficiadas pelo Bolsa Família, programa que a partir de novembro será incorporado ao Auxílio Brasil, novo e mais abrangente programa social do Governo Federal. Durante a agenda, foram promovidas pelo governo estadual entregas simbólicas de cerca de 2 mil cestas básicas que atenderão as necessidades da população vulnerável.
“Como podemos atender a população se a gente não sabe de que ela precisa de fato? É conhecendo o dia a dia que podemos tomar decisões a partir de necessidades específicas. Estamos aqui em equipe porque o ministro João Roma, quando assumiu a pasta, disse que as decisões devem ser tomadas a partir da necessidade real do povo”, ressaltou a secretária Maria Yvelônia.
A secretária estadual Alessandra Campêlo destacou que levar os técnicos do Governo Federal para o interior amazonense foi uma oportunidade de ilustrar peculiaridades da assistência social na região.
“Para chegar aqui, a gente passou pela balsa do Ceasa, pegou estrada e a voadeira (barco) para conhecer uma comunidade indígena, além de ver a realidade da sede do município. É uma pequena amostra de como se organizam as comunidades indígenas. A gente atende com cestas básicas, vacinação, escola, infraestrutura e com todas as áreas que o governo tem que trabalhar”, explicou Campêlo. “Trouxemos vocês para ver como é difícil uma cesta básica chegar aqui. Imagina transportar dez mil, cinco mil cestas básicas, de barco, de balsa, pela estrada, até chegar a essas pessoas. Temos lugares que demoram dois ou três dias para um barco maior chegar com alimentos”.
Para chegar aqui, a gente passou pela balsa, pegou estrada e a voadeira (barco) para conhecer uma comunidade indígena. Imagina transportar dez mil cestas básicas até chegar a essas pessoas. Temos lugares que demoram dois ou três dias para um barco maior chegar com alimentos” Alessandra Campêlo, secretaria de Assistência Social do Amazonas
A comitiva do Governo Federal conta ainda com as presenças da Diretora de Proteção Social Básica, Cássia Fernandes, do Diretor de Benefícios Assistenciais, André Veras, do Coordenador-Geral de Gestão Descentralizada e Participação Social, Becchara Miranda, e da Analista de Políticas Sociais da Secretaria Nacional de Renda de Cidadania, Maria Carolina Prado Lage.
Auxílio Brasil
A secretária Maria Yvelônia aproveitou a oportunidade e esclareceu para a população local os detalhes do novo programa social do Governo Federal. “O Auxílio Brasil é dizer que o Bolsa Família agora alcança mais, melhorou. Quem já era do Bolsa Família continua. Ninguém está perdendo nada, mas ganhando, porque agora este governo reconhece que as pessoas querem trabalhar. O brasileiro gosta do trabalho, mas tínhamos antes uma assistência social que em vez de libertar, aprisionava”, disse.
“Estamos pensando no que melhora a vida das pessoas. Queremos uma assistência social que atenda a todos que dela necessitarem, mas que tenha porta de entrada e de saída, para que a pessoa ganhe autonomia. É isso que nós queremos com o Auxílio Brasil”, completou Yvelônia.
O valor médio do Auxílio Brasil vai ser reajustado em quase 20% em novembro e o programa pretende passar dos 14,6 milhões de atendidos atualmente para cerca de 17 milhões em dezembro. Também a partir de dezembro, a perspectiva é de que as famílias beneficiárias passem a receber um mínimo de R$ 400.
O Auxílio Brasil moderniza, simplifica e torna mais transparentes os benefícios básicos de transferência de renda, que passam de seis para três: Benefício Primeira Infância; Benefício Composição Familiar e Benefício de Superação da Extrema Pobreza.
“Me chama muita atenção na nova política de assistência social a perspectiva de libertação. Essa questão de não ficar eternamente na dependência do auxílio, para que se possa ter um horizonte, por meio da educação, da formação profissional, de sair da situação de vulnerabilidade para a independência”, disse o prefeito Andreson.