Atividades lúdicas do Abrigo do Coroado vão ser mantidas no recesso
A sala de transição do Abrigo do Coroado, que atende crianças de 4 a 12 anos nas séries iniciais, dentre migrantes e refugiados venezuelanos acolhidos no local, entrou em recesso na manhã desta quarta-feira (18/12), por conta do calendário de atividades do município. Ainda assim, as atividades lúdicas no espaço continuarão sendo realizadas pelas mães e responsáveis pelas crianças. Hoje, o abrigo administrado pela Secretaria de Estado de Assistência Social (Seas) tem 215 pessoas, dos quais 73 crianças, sendo 20 de até 2 anos de idade e 16 adolescentes.
A coordenadora do Abrigo do Coroado, Darcy Ramos de Amorim, explica que, como a professora teve que se ausentar, as mães das crianças foram escaladas para dar continuidade na programação, a fim de que elas não fiquem na ociosidade nesse período. O espaço foi inaugurado no dia 17 de outubro, para atender para atender crianças da Educação Infantil e do 1º ao 5º, no horário matutino, de segunda a sexta-feira, oferecendo aulas de Português e Educação Física.
“A professora trata de temas que são trabalhados na escola regular, com o objetivo de fazer com que as crianças passem a ter uma rotina escolar. Tanto é que as aulas iniciam às 7h e terminam às 11h, com um intervalo às 9h para um lanche”, informou Darcy Amorim, ressaltando que as crianças recebem o lanche e o material escolar.
De acordo com Darcy Amorim, os pais e responsáveis pelas crianças já foram informados sobre o calendário de matrículas na rede pública de ensino, para a efetivação das mesmas. A coordenadora disse que, no próximo ano, essas crianças vão para o ensino regular já sabendo todo o alfabeto português e tendo noções da língua portuguesa.
Quanto à sala de transição, a perspectiva é que no próximo ano o projeto seja mantido para atender às novas crianças que chegarem ao abrigo. “Hoje, quando as famílias chegam no abrigo, já sabem que tem essa escola para as crianças iniciantes, disse a coordenadora. Ela informa que se trata do cumprimento da Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), que orienta o poder público a criar formas alternativas de acesso aos diferentes níveis de ensino, independentemente da escolarização anterior.
A assessora técnica da Secretaria Municipal de Educação (Semed), Sandra Lineia, que trabalha com direitos violados de crianças e adolescentes, disse que a sala de transição foi pensada para apoiar as crianças venezuelanas que estavam e continuam chegando a Manaus, sem a perspectiva de obter matricula na rede pública de ensino. Com o calendário de matrículas das escolas regulares para o início do ano, os pais podem garantir uma vaga para 2020.
“Já passei aos pais o calendário de matrículas, tanto da Semed como da Secretaria de Estado de Educação e Desporto, cuja data é a mesma”, informou a representante do município, ressaltando que a matrícula dos participantes da sala de transição está mais fácil, porque eles já têm o protocolo de matrícula.
Qualificação profissional – Tratando-se de um local temporário, o Abrigo do Coroado tem a missão não apenas de abrigar imigrantes venezuelanos, mas fazer com que os mesmos busquem autonomia financeira. Portanto, além da elaboração de currículos e encaminhamentos para as empresas e instituições, o local também ajuda a qualificá-los para o mercado de trabalho.
Com o apoio da Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur), várias venezuelanas fizeram curso de manicure e pedicure e estão trabalhando em salões de beleza.
Anilexis Rojas, de 26 anos, mãe de três filhos, uma das contempladas com o curso de manicure e pedicure, já está trabalhando em um salão no bairro Ouro Verde, zona leste, onde está obtendo renda. Ela relata a dificuldade de se encontrar com o marido e os filhos num outro país, tendo que vivenciar a questão do idioma diferente, apesar de considerar a estadia no abrigo excelente.
“Estamos sendo bem tratados aqui, além disso foi bom fazer o curso e conseguir trabalhar. Tem clientes que me pedem para fazer o embelezamento das unhas em suas casas”, informou.
A venezuelana, que é enfermeira em seus país, manifestou a vontade de retornar assim que a crise amenizar. Lá tem casa própria e poderá trabalhar como enfermeira, além de sentir muita saudade dos familiares. “Estou aqui só pelos meus três filhos pequenos, além de um enteado, mas logo que esse momento difícil passar vou morar na Venezuela. Amo meu país, só que a situação atual faz com que fique aqui”, sintetizou.
Darcy Amorim disse que a perspectiva para 2020 é incrementar mais cursos para atender a demandas dos migrantes venezuelanos. “Já fiz contato com o Sebrae-AM (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas), o Cetam (Centro de Educação Tecnológica do Amazonas) e os próprios Centros de Convivência da Seas, para que se dê prioridade aos venezuelanos, visando capacitá-los para uma melhor inserção no mercado de trabalho”, frisou.